segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Segunda Poética!

Não, não será sempre segunda que haverá uma poesia, é que hoje eu não tava com paciência pra procurar uma boa história de mitologia, por isso provavelmente amanhã ou depois eu posto alguma história xDD.
Hoje postarei um trecho de Fausto de Goethe, o livro é bom, o único problema é que ele é em poesia o livro TODO! Dai bixo, lascou x.x ...

Anyway, um trecho do comecinho de Fausto:


"Oh minha lua cheia, oh minha doce amiga!
Possas tu não mais ver em tão cruel fadiga
o homem que tanta vez dos céus hás contemplado
a desoras velando, em livros engolfado.
Melancólica amante! a claridade tua
achou-me sempre a ler. Se hoje um teu raio, ó lua,
me levasse a pairar nos cumes apartados,
a borboletear nos antros frequentados
dos espíritos só, a saltitar liberto
da científica névoa, em fundo de um deserto,
à luz crepuscular que tácita derramas
aos selvosos desvãos, por entre as móveis ramas!
Que refrigério d’alma um banho nesse rócio
não dera, amada lua, às febres do teu sócio!
(Silêncio. Cai em desalento. Depois levanta-se, e percorre com a vista o aposento)
Que masmorra que é isto! E aqui me vou gastando
neste covil infecto, abominoso, infando,
lôbrega escuridade a que o celeste dia,
prazer da terra toda, um raio a custo envia
pelos vidros de cor em treva mascarado.
Para onde quer que fuja o olhar do emparedado,
bate nesta Babel de livros bolorentos,
pastagem da polilha, informes, sonolentos,
e em rumas de papeis, do tempo denegridos,
caótico tropel de abortos esquecidos,
que trepa, galga, encobre, enluta, afeia, inunda,
a casa desde o solho à abobada profunda;
sem falar no sem-fim de drogas, pós, essências,
máquinas, que sei eu! misérias, importâncias,
que já me infundem tédio. E a isto se apelida
o meu mundo! Isto é mundo, ou esta vida é vida?
(Dolorosamente)
E inda perguntarás, pobre homem, donde vem
a angústia que te rala, e as forças te retém?
Toda a gente a gozar dos bens que o Factor Sumo
lhe faculta na terra; e eu... neste ascoso fumo
entre ossos de animais e esqueletos!
Sus! Sus!
Fausto, longe daqui! Torna-te ao ar, à luz!"

Trecho de Fausto de Goethe

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