sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Doenças e Problemas Genéticos #1

Bom, segundo post seguido no dia, mas este eu não posso deixar de iniciar aqui. Como todos os meus amigos+namorada+namorada dos amigos sabem(se não sabiam agora sabem) eu possuo um pequeno problema genético. A Hiperplasia Supra-Renal Congênita da Forma Perdedora de Sal. Como funciona, seu diagnóstico e tudo mais, eu explico agora!

HIPERPLASIA SUPRA-RENAL CONGÊNITA

RESUMO

A Hiperplasia Congênita das Supra-renais é um erro inato do metabolismo dos esteróides, transmitido geneticamente, e de caráter autossômico recessivo. As baixas concentrações de cortisol plasmático levam ao aumento da secreção de Hormônio Adrenocorticotrófico (ACTH) estimulando cronicamente as supra renais, provocando uma hiperplasia funcional com conseqüente desvio da produção hormonaJ. A maioria dos pacientes com hiperplasia supra-renal congênita apresenta defeito na 21-hidroxilação.

Apresenta 3 casos de hiperplasia congênita de supra-renal forma não clássica, de aparecimento tardio, mostrando sua evolução clínica e tratamento. Nosso objetivo é alertar para esse diagnóstico a fim de prevenir os distúrbios do crescimento causados pelo avanço da idade óssea.


QUADRO CLÍNICO

É variável, depende de haver ou não deficiência de outros esteróides adrenais, do acúmulo dos precursores proximais ao bloqueio enzimático, do desvio do metabolismo adrenal para outras vias metabólicas, seja da biossíntese de androgênios ou de mineralocorticóides, e do grau de deficiência enzimática. Defeitos enzimáticos parciais produzem distúrbios menos severos que podem manifestar-se na infância tardia ou na idade adulta e são responsáveis pelas formas não clássicas da doença.


HIPERPLASIA ADRENAL CONGÊNITA POR DEFICIÊNCIA DA 21-HIDROXILASE (21-OH)

É a causa mais comum de HCSR. É detenninada por alteração do gene da 21-hidroxilase beta (CYP2IA2) que se localiza no braço curto do cromossoma 6. A enzima 21-0H atua tanto na via produtora de glicocorticóide como na de mineralocorticóide. Sua deficiência produz aumento da produção de androgênios, podendo ou não estar diminuída a síntese de mineralocorticóide.
A-HCRS (21-0H) FORMA CLÁSSICA

A deficiência da enzima 21-0H é responsável por mais de 90% dos casos e tem uma incidência de 1:14.5000 nascidos vivos. Sua expressão clínica varia de acordo com o sexo ou com a presença ou não de deficiência na produção de mineralocorticóides.
A.1- FORMA NÃO PERDEDORA DE SAL

Além da deficiente produção de cortisol existe aumento na produção de androgênios a partir do terceiro mês de gestação, o que provoca no sexo feminino ambigüidade genital em graus variados indo desde uma discreta clitoromegalia até uma genitália externa totalmente virilizada, indistiguível de uma do sexo masculino, a não ser pela palpação de gônadas. O desenvolvimento de ovários e úteros ocorre normalmente.
Se não há tratamento adequado, ocorre virilização progressiva pós-natal com crescimento rápido, aumento do c1itóris, aparecimento de pilificação pubiana e acne. Apesar do crescimento excessivo inicial há fusão epifisária precoce, com marcada redução da estatura final. O tratamento inadequado pós-puberdade acompanha-se de excesso de andrógenos, podendo provocar infertilidade e amenorréia.
No sexo masculino, a genitália é normal ao nascimento mas devido as altas concentrações de androgênios provoca, a partir do segundo ano, aceleração do crescimento, avanço da idade óssea, aparecimento precoce de pubarca e aumento do pênis sem correspondente aumento dos testículos. Pode ocorrer acne, engrossamento da voz, hipertrofia muscular e fusão epifisária precoce levando a baixa estatura final.
Em ambos os sexos o diagnóstico tardio e o tratamento inadequado, podem levar a uma maturação do eixo hipotálamo-hipófise-gônadas, com desencadeamento de uma puberdade precoce verdadeira que pode antecipar a fusão epifisária e agravar ainda mais a baixa estatura.
A.2 -FORMA PERDEDORA DE SAL (HCSR 21-0H PS)

Responsável por 75% dos casos. Ocorre comprometimento não só da produção de cortisol mas também de rnineralocorticóide.
Apresenta sinais de hipercalernia e aumento da atividade da renina plasmática que acontece após o quarto dia de vida. Há característico baixo ganho ponderal, episódios de vômitos, desidratação, colapso vascular, e choque seguindo-se o óbito após a segunda semana de vida.
Apresenta graus variados de desnutrição pós-natal, que mascara o crescimento excessivo que o aumento de androgênios deveria produzir.
O diagnóstico diferencial compreende a estenose hipertrófica do piloro, o refluxo gastroesofágico, infecção do trato urinário, sepse, acidose tubular renal, intolerância a lactose e hipoplasia congênita das supra renais.
Na menina o diagnóstico é mais evidente devido a ambigüidade genital.
B- HCSR 21-0H FORMA NÃO CLÁSSICA (HCSR 21-0H NC)
A sintomatologia clínica tem inicio pós-natal. Deve ser diferenciada da forma críptica onde, apesar de alterações laboratoriais, não há sintomatologia. É caracterizada por exposição a concentrações baixas e contínuas de androgênios que não produzem doença clínica aparente nos primeiros anos de vida, podendo o início dos sintomas ocorrer no final da infância ou adolescência.
Os meninos podem apresentar pubarca precoce, aumento do pênis com testículos pré- púberes, acne, e surto de crescimento. Após a puberdade os únicos sinais podem ser acne, baixa estatura e infertilidade. Os sinais de virilização vão se acentuando quanto mais tarde for o diagnóstico.
No sexo feminino, a sintomatologia mais freqüente é a pubarca prematura, apresentando acne e hirsutismo, avanço da idade óssea, além de clitoromegalia. Após a puberdade pode provocar irregularidade menstrual, acne grave, calvície temporal e infertilidade.
É uma das etiologias de ovários policísticos.
O diagnóstico diferencial compreende puberdade precoce, tumor adrenal forma virilizante.

TRATAMENTO
1- FORMA CLÁSSICA

Se a criança está em crise de perda de sal deve-se fazer a reposição do volume intravascular e iniciar a administração de hemisuccinato de hidrocortisona na dose de 50mg/m2 em bolus venoso, seguido da mesma dose infundida nas 24 horas subseqüentes. O mineralocorticóide de escolha é o acetato de desoxicorticosterona 0,5 a lmg/dia intramuscular, quando ele não estiver disponível podemos usar o acetato de fludrocortisona oral.
A terapia de substituição com glicocorticóides é realizada visando a supressão da hipersecreção de 170HP e andrógenos, e o bloqueio da virilização e do avanço do crescimento, sem provocar efeitos colaterais, como hipertensão e retardo do crescimento.
O glicocorticóide de escolha é a hidrocortisona oral em dose de 10 a 15mg/m2/dia em três tomadas.
Glicocorticóides mais potentes como a prednisona e a dexametasona podem ser usados após a puberdade. Seu uso em crianças deve ser evitado, pois há risco de inibição do crescimento, com prejuízo da estatura final.
Nos pacientes perdedores de sal deve-se usar acetato de fludrocortisona oral. A dose necessária habitualmente situa-se entre 0,05 a O,lmg/dia, mas pode chegar até 0,2mg/dia, dividido em duas ou três tomadas diárias no início do tratamento ou quando a perda de sal é intensa. A dose deve ser ajustada de acordo com a atividade da renina, o sódio e o potássio séricos, e deverá ser diminuída se houver aparecimento de hipertensão arterial.
Nos lactentes com a forma perdedora de sal há necessidade de se acrescentar à dieta, diariamente, 0,5 a 19 de c1oreto de sódio (NaCl) a cada lOKg de peso para conseguir normalização dos eletrólitos. Em crianças maiores isto pode não ser necessário, mas deve se ter fácil acesso a sal principalmente em épocas de altas temperaturas.
Em ocasiões de estresse, processos infecciosos, cirurgias e vacinação, a dose de hidrocortisona deve ser dobrada e administrada intramuscular ou intravenosa quando o paciente apresentar vômitos. Nestas ocasiões tem que se reforçar a oferta de hidratos de carbono, seja na dieta ou na administração de soro glicosado venoso nos casos de pausa alimentar já que é muito freqüente a ocorrência de hipoglicemia grave.


Fonte: http://www.hse.rj.saude.gov.br/profissional/revista/36b/hiperplasia.asp


Bom, já que eu consegui viver até agora, e sou BEM normal(fisicamente né...acho que sou bem desregulado psicologicamente xDD), acho que ainda vou viver bastante até xDD.

Um comentário:

  1. Tercero compartilhandp suas doenças!! Que coisa mais lúdica!! huashushuhusa

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