segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Religião e Paganismo #3

Primeiramente gostaria de Parabenizar duas pessoas neste dia 29/11/2010, minha namorada amada Natana e meu amigo bombado cuja protuberância queixal se destaca, QUEXO!
Parabéns pra vocês, nesta data querida!xD


E vamos a mais um mito pagão, este por um acaso relembra algumas religiões contemporâneas, dá pra acreditar nisso?xDD

*~O mito de Osíris~*


Os deuses tinham se afastado do convívio humano, os seres viviam em estado de barbarismo extremo. Rá sentiu piedade dos homens, e enviou à terra quatro deuses: eles nasceram de Geb e Nut ( ver Eneada Heliopolitana ). Conta a lenda ( a qual tentarei resumir apesar de suas inúmeras variantes) que Osíris nasceu rei e coroado no ventre de Nut, e os ribeirinhos do Delta ouviram uma voz trazida pelo vento suave, que dizia: "nasceu o Senhor do Mundo. Ide adorá-lo sobre um tufo de papiro, onde a Divina Criança repousa"…
Nesse instante, Seth, nervoso, impaciente por nascer, fendeu o ventre de sua mãe e um raio rasgou os céus, e ele se manifestou sob a forma de um tijolo vermelho.
Ísis nasceu então sob a forma de um trono, abrigando seu irmão e esposo Osíris.
Nut deu nascimento à Néftis, sob a forma de uma cabana, que abrigou o casal divino. Então, conhecedor de todas as coisas e do que estava por vir, Rá fez que nascesse Hórus, porém ele não encarnou. Sob a forma de um gavião, pairou sobre a cabeça de Osíris, as asas estendidas, aguardando o momento certo em que deveria se manifestar no mundo da matéria. Assim, os quatro irmãos vieram ao mundo, Osíris como rei do Egito e Ísis sua esposa. Seth e sua esposa Néftis, a qual não teve filhos, pois Seth era estéril.

Osíris instituiu um reinado de paz, tirou o homem do barbarismo,ensinou-lhe as leis justas, a pisar a uva e fazer o vinho, a cerveja, a semear e colher as primícias da terra. Ïsis ensinava as mulheres a preparar alimentos, cosméticos e remédios, a cuidar de seus lares, filhos, e se fazerem belas para seus maridos. Dizem que Osíris curava os cegos com sua saliva, fazia os deficientes andarem com um toque de suas mãos ou uma palavra de sua boca. A popularidade de Osíris foi tanta, o amor que despertava nos seres, tamanho, que provocou a inveja e a ira de seu irmão Seth, e este passou a nutrir ódio mortal por Osíris.

Chegou um tempo em que o Egito vivia em paz e prosperidade, e Osíris desejou levar à toda a humanidade a cultura e o bem. Organizou uma comitiva composta por espíritos ruidosos, alegres e brincalhões, acompanhado por nove "Messwts"( Musas? ), de modo que seu séqüito despertava a curiosidade por onde passava. Ao partir, entregou ao seu irmão Seth a incumbência de zelar pelo Egito.
No momento de sua partida, Ísis dele se aproximou, trazendo uma coroa de juncos, e disse:
"Tu és um rei, e como nascestes entre os juncos, esta é tua coroa, símbolo de humildade. E tua alma é um Cordeiro Divino, por isso, coloco em tua coroa os chifres de um carneiro…Tu és um sol sobre a terra, em tua fronte, eu coloco o Disco de Rá, para que resplandeças…e como tu és o Dom de Amor, sobre o alto da coroa eu coloco uma romã…agora estás pronto para partir."
Esta é a origem da coroa de Osíris, chamada ATEF e por vezes, WRERET, "a Grande ".

Logo que Osíris partiu, Seth procurou governar com justiça, mas sua índole era perversa e má, e o povo o rejeitava. Em pouco tempo, ele encerrou Ísis num dos aposentos do palácio, e formou uma conjuração com 72 comparsas: quando Osíris retornasse, seria assassinado.
Depois de muitos anos ausente, nos quais Osíris viajou até pelas Índias, ele retornou ao Egito. Seth então organizou um banquete em honra do irmão. Em determinado momento da festa, foi trazido ao salão um cofre magnificamente ornamentado, de proporções colossais. Seth tomara secretamente a medida de Osíris, que era de 3 metros de altura. O cofre era verdadeira obra de arte ( um sarcófago?).
Seth então declarou que aquele seria um presente para o conviva que, deitando-se nele, o preenchesse totalmente. Todos os convidados experimentaram um a um, mas ninguém cabia dentro do cofre. Quando Osíris finalmente nele se deitou, Seth e seus comparsas imediatamente fecharam o cofre, selaram-no com chumbo e o atiraram no Nilo.

No instante em que Osíris foi assassinado, Ísis sentiu uma dor terrível, e seu grito desesperado chegou aos céus. Rá a ouviu e os deuses se perguntavam: que foi isto? Mandou Rá um vento que informou Ísis do que acontecera, e ela saiu a procurar o marido. O cofre tinha descido a correnteza do Nilo, atingindo o mar pela Boca Tanítica, um dos braços do Delta, e foi parar na região de Biblos, onde um pinheiro o envolveu e cresceu de forma fantástica. O rei de Biblos tomou conhecimento do fato, mandou cortar o pinheiro e fez dele uma coluna para seu palácio.
Por onde Ísis passava, ninguém sabia dizer de seu marido, mas ela encontrou um bando de crianças que cantavam alegremente, como se estivessem em êxtase. Perguntando porque estavam tão contentes, elas responderam: "não viu o prodígio? Desceu pelo rio um cofre magnífico, brilhante como Rá em seu esplendor, e havia música no ar, perfume, e uma luz violeta envolvia o cofre…ele desceu pela Tanítica e atingiu o mar"…
Ísis compreendeu que só os olhos de crianças inocentes poderiam ter visto tal coisa, e seguiu para Biblos.

Em Biblos, Ísis disfarçou-se de velha esmolante, e se postou diante do palácio do rei, junto a uma fonte. Nela, as escravas do palácio vinham buscar água. Quando as escravas chegavam, Ísis conversava com elas, penteava-lhes os cabelos e as impregnava de um doce perfume. A rainha notou a mudança em suas escravas e indagou o que acontecia. Informada de tudo, fez vir Ísis ao palácio, onde a empregou como ama de leite de seu filho.
Durante a noite, Ísis colocava a criança em transe, envolta num halo de luz, e transformada em andorinha, volteava a coluna do palácio, emitindo piados de dor.
Aconteceu que esses fatos despertaram a curiosidade da rainha e uma noite, ela foi se certificar. Ao ver o filho em transe, soltou um grito desesperado, o encanto se desfez e a criança caiu morta. Imediatamente, Ísis se apresentou em todo seu esplendor e se deu a conhecer à rainha. Restituiu a vida à criança e contou seu drama. O rei mandou derrubar a coluna imediatamente, Ísis fendeu-a, retirou do cofre o corpo de Osíris, ungiu e santificou a madeira, a qual foi levada para o templo da cidade, onde passou a ser venerada pelos fiéis.
De posse do corpo do marido, Ísis retornou ao Egito, mas temerosa da ira de seu irmão Seth, escondeu o corpo num lugar deserto do Delta.
Sucedeu que Seth costumava caçar à noite, e numa de suas saídas, horrorizado encontrou o corpo do irmão. Temeroso, imediatamente despedaçou o corpo de Osíris, espalhando os pedaços por todo o Egito. Diz a lenda, que ele arrancou o sexo de Osíris e o atirou no Nilo, e que os peixes Lepidopus, Oxirinkos e Pleyr o devoraram. Os egípcios consideravam esses peixes impuros. Terminada sua ação hedionda, Seth retornou ao palácio.

Quando Ísis voltou aos pântanos e descobriu o que sucedera, começou a gritar, lançou terra sobre sua cabeça, rasgou suas vestes. Sua dor e seus gritos eram tais, que a barca de Rá deteve seu curso. O Deus indagou de seu cortejo o que sucedia, e lhe responderam que a barca só voltaria a navegar, se Ísis fosse ouvida pelo Pai Supremo. Rá pediu então à Anúbis que socorresse Ísis. Brilhou imediatamente no céu, na constelação do Cão Maior, uma estrela, e ela desceu à Terra. Apresentou-se Anúbis diante da deusa e ela indagou quem era ele ( aqui entra uma curiosa variante do mito, e interessante jogo de palavras, tão ao gosto dos egípcios ).
"Eu sou ANPW ( anpw= eu sou; o nome anpw expressa o verbo ser. Ao apresentar-se, Anúbis como que diz: eu sou o que sou).

Diz-se que na noite em que Osíris foi assassinado, ele embriagado errou de aposentos e entrou no quarto de sua irmã Néftis, esposa de Seth, dormindo com ela. Quando Néftis se descobriu grávida, temendo Seth, embrenhou-se nos pântanos, onde pariu Anúbis e o abandonou. Ísis, porém, desconfiada da irmã, a seguiu e depois que ela se foi, acalentou e cuidou de Anúbis. Outras fontes fazem referência a este deus como sendo filho de Rá .
"Eis-me aqui, conforme meu nome Anpw…eu sou o desvalido, a criança abandonada que tu criastes…eu sou aquele desprezado que o teu amor abrigou com piedoso carinho…Eu sou o consolo do desesperado, o amparo do aflito…Eis que me transformei num cão, vem, minha irmã, eu farejarei e tu recolherás num cesto os pedaços do deus".
E assim, onde Anúbis encontrava um pedaço do corpo, ali Ísis erguia uma capela em louvor de Osíris. E tendo recolhido todos os pedaços do deus, Anúbis costurou-o, prendeu-o em ataduras e fez dele a primeira múmia. Contudo, o pênis do deus havia se perdido para sempre, Osíris estava incompleto e mutilado.

Estando o corpo de Osíris reconstituído, Ísis e Néftis postaram-se uma à sua cabeça, outra à seus pés, e deram início às lamentações fúnebres. Ísis, através de encantamentos, procurava trazer o marido à vida, inutilmente. Transformada em gavião (ou andorinha ), ela estendeu suas asas sobre o corpo inanimado, chorando e emitindo gritos de desespero. Deitou-se sobre o corpo do esposo morto, beijou-o e, neste momento, a alma de Osíris entrou-lhe pela boca e ela se sentiu grávida. Chegara o momento em que Hórus deveria encarnar. Ísis engravidara sem cópula!
Segundo variantes da lenda, Osíris volta à vida e sobe aos céus, mas como conheceu a morte, passa a reinar no Mundo Subterrâneo, onde julga as almas dos mortos em seu tribunal.
O fato de Ísis se encontrar grávida lhe trouxe vários problemas. Seth a prendeu no palácio, mas com o auxílio de Thoth, ela fugiu para os campos de Khemnis, onde deu à luz e ocultou seu filho. Para escapar à fúria de seu irmão, perambulou com Hórus, disfarçada de mendiga, por inúmeras regiões, sofrendo todo tipo de humilhação, perseguida e repudiada por quantos a viam.
Finalmente, Hórus cresceu, tornou-se um jovem belo e forte. Então Ísis apresentou-o perante a Divina Companhia, e Hórus deu queixa de seu tio Seth, reclamando para si a herança de seu pai.

O fato invulgar acontecido dividiu os deuses. Rá temia impor sanções à Seth ( não era ele quem afugentava os demônios que perseguiam sua barca, quando Rá surgia no horizonte? ). Seth acusava Hórus de ser filho de mãe sem pai ( o que equivalia a dizer que Ísis era prostituta e o filho, ilegítimo), e que a posse do Egito lhe cabia por direito, pois era irmão de Osíris. A contenda durou oitenta anos. Ísis era astuta, sempre apresentava argumentos que favoreciam seu filho.Muitos deuses a apoiavam, outros se mostravam favoráveis à Seth. O tempo se arrastava e a questão não chegava a um termo satisfatório. Várias vezes, Hórus e Seth se enfrentaram em combate. Certa vez, tio e sobrinho entraram em conflito, sob a aparência de hipopótamos, para horror dos deuses. Ísis, vendo que seu filho estava em desvantagem, atirou um arpão contra Seth, mas errou e acertou Hórus. Seth escapou e Hórus, tomado de incontida fúria, decaptou sua mãe, fugindo para o deserto.
Os deuses ordenaram à Seth que o trouxesse de volta, enquanto Thoth colocava uma cabeça de vaca sobre o corpo de Ísis, substituindo a que ela perdera ( Ísis-Hathor ). Seth encontrou seu sobrinho no deserto, travou com ele uma violenta luta, cegou-lhe um olho e deixou-o semi- morto, fugindo. Em contrapartida, Hórus lograra feri-lo em seu sexo, e Seth teve seus testículos arrancados.
Thoth saiu a procura dos dois, encontrou Hórus ferido e restituiu-lhe a visão ( ver amuleto Wdjat ). Diz-se que o olho perfeito de Hórus é o sol e seu olho cego, a lua…
Inúmeros episódios narram as lutas entre os dois deuses e as reuniões em Conselho das divindades, buscando solucionar a questão. O próprio Osíris fez sérias ameaças aos deuses, dizendo inclusive que não mais permitiria que Rá entrasse no Mundo Inferior nem os deuses lá descansassem, quando viesse a noite. De nada valeram as ameaças. Os deuses se reuniam, Hórus e Seth apresentavam suas razões, Ísis intervia e chegou mesmo a ser proibida de participar do Conselho Divino…

Sentindo que aquela disputa sem fim precisava terminar, e vendo-se cada vez mais acuado, Rá enviou então uma mensagem à sua mãe Neith, a Dama de Saís, para que ela se manifestasse. A resposta veio breve e cheia de impropérios: Neith condenava o comportamento falso dos deuses, e exigia que Hórus fosse legitimado e tomasse posse da herança de seu pai, a qual lhe cabia de direito irrefutável. Diante disso, Rá proclamou Hórus herdeiro de Osíris e decretou que Seth reinasse sobre o deserto e tudo o que fosse estéril.
Os deuses se rejubilaram com a decisão, Hórus tomou posse do Egito e a paz voltou a reinar: os dois combatentes estavam apaziguados.
Este drama sagrado tornou-se uma iniciação no interior dos templos. Para os egípcios, atingia-se a iniciação de dois modos: vivenciando os ritos simbólicos no interior do templo, ao se candidatar ao sacerdócio, ou pela morte real.
Com o tempo, o drama sagrado dividiu-se em iniciação aos Mistérios de Osíris, de Ísis e de Hórus. Certos aspectos simbólicos desse mito, encontram-se expostos na Eneada Heliopolitana. Dele se subtrai o caráter divino do faraó. Faraó é Rá e Hórus sobre a terra, ou Filho de Rá e Hórus Vivente, pois no momento de sua sagração, o rei deixa de ser um ser humano e se torna Hórus ( assim como o Papa, ao ser coroado, recebe o Espírito Santo…). O trono do Egito é, por isso, o Trono de Hórus.
Este belo mito, o qual encerra em si infinitas interpretações, espelha os ciclos da natureza, o temperamento humano, a ânsia do egípcio pela imortalidade em Osíris, seu Salvador. É a mais bela lenda que o Egito nos legou, e o alicerce da Nação Egípcia. Toda mulher buscava ser como Ísis, todo filho, como Hórus, todo pai, como Osíris. E isto equivalia a praticar a Maat…ser justo e perfeito sobre a terra, para atingir a perfeição Absoluta.

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